
Mais uma vez chegando atrasada à aula,quando adentrei a sala estava um breu,exibia-se um documentário. Entrei para o fundo onde ele estava,me desviei das cadeiras sentei-me numa delas e me ajeitei
e perguntei a ele que filme era aquele e ele respondeu: “um documentário sobre a Cultura Moche”.
Pedir um doce ele me deu balas,mas com sempre eu além de querer o doce ainda exigia que fosse chiclete e se não bastasse devolvia a embalagem vazia ao bolso do coitado. Ficamoss em silêncio alguns instantes,mas não resisto e acabei começando a cochichar,mas meu cochicho é alto e o pobre ficava até sem graça de conversar,pois alguns poucos alunos queriam prestar atenção ao documentário,mas ainda bem que logo terminou e as luzes foram acesas pelo professor e o mesmo começou a falar sobre o que se tinha assistido, e então podemos conversar mais a vontade sem cochichos,ele havia pego uma caneta para anotar algo digno de nota e eu roubei a caneta para fazer um desenho e lhe ofertar,ele ficou a espiar enquanto eu traquinava depois desistiu e esperou para ver o fim da obra.Quando lhe entreguei o sapinho ele fez-se em risos e disse que guardaria em seu caderno.
Ao fim da aula corremos para o ponto de ônibus fomos ainda falando sobre a tediosa aula e lembrando do sapinho.
Estava depois lembrando de quando passamos cinco horas juntos escrevendo relatórios sobre as viagens da droga da optativa,eu conversando e ele produzindo e rindo de minhas bobagens e as vezes falando as suas também,ouvimos musica,foi muito bom.
Lembrei também do dia em que chorei e ele fez o que um amigo faria,não tentou dizer o que ele faria em meu lugar ou quis me dá conselhos fáceis,ele apenas me ouviu e tentou por um riso em meus olhos esbugalhados.
As aulas terminaram, mas não nossa amizade, e um belo dia ele apareceu com uma história de que havia perdido o sapo e queria outro,mas no momento estava com cólica e não teria inspiração para fazer outro anfíbio e prometi que o faria assim que a inspiração voltasse e que o coloriria já que o primeiro foi sem cor e ele o coloriu com seu marca-texto.
Passaram-se alguns dias sem nos vermos e eu já estava com saudades de suas loucuras e respostas malucas as questões que verdadeiramente não saberia responder.
Ele apareceu por lá e ficamos conversando , perguntou pelo sapo ,porém eu ainda não o havia e prometi que logo chegaria ,depois foi embroa e ficamos longos dias sem nos encontrarmos.
Numa segunda feira comum ele apareceu quando o encontrei estava lendo algo com um titulo interessante e meus olhos se espicharam para abelhar,era um texto sobre sapos foi o que pensei ao ver o titulo,perguntei se era bom e ele disse que ele que havia escrito e me deu e diss-me”escolhe o título...esse titulo aí é provisório.” A minha pergunta de porque eu deveria escolher o título e não ele ,disse-me:” Você foi a matéria prima.!!”
Li o texto ainda no resto de aula e fui para casa ,no outro dia emprestei o texto a uma amiga que o achou lindo. Fiquei indecisa entre os os títulos,mas me decidir por “O enigma do Sapo”.
Uns dias depois encontrei o autor do texto disse-lhe qual foi o título escolhido e ele concordou ,nos despedimos.
Nos dias que seguiram fiquei pensando no Enigma do Sapo,afinal aquele Sapo havia ganhado vida,ele atribuiu a mim este feito,mas eu já havia outras vezes criado anfíbios como aquele e em nenhuma outra ocasião ele havia saído por aí andando. Então pensei o encanto nem sempre está em quem cria,mas em quem recebe a criação e assim percebi o encanto estava no coração do menino que foi presenteado com o sapinho feito por mim.
Pensando nisso lembrei de outras ocasiões em que ele mostrou seu encanto,como no dia em que chorei,meu coração estava apertado e ele sem dizer frases rebuscadas,sem dizer nada na verdade,me fez melhorar,seu jeito companheiro,sua ternura nos olhos de “pinipimpim” me fizeram alegre naquele momento.
Percebi então que a vida havia me dado um grande presente,um grande amigo. Lembrei-me do dia em que nos conhecemos,depois da aula nos encontramos no ponto de ônibus e fomos juntos conversando como se fossemos grandes amigos,mas acho na verdade que já éramos,afinal amigos de verdade se reconhecem.